Segunda Chance

AfroReggae e Instituto Ação Pela Paz fortalecem parceria por reinserção de egressos prisionais

Instituições unem esforços no Rio de Janeiro para ampliar impactos sociais e profissionais do projeto voltado a pessoas que passaram pelo sistema prisional

Por Kaio Nunes e AfroReggae
Edição final: Marcos Ferreira | Redação

Nos dias 29 e 30 de abril de 2025, o Grupo Cultural AfroReggae recebeu a visita técnica do Instituto Ação Pela Paz no Rio de Janeiro, marcando um novo momento de fortalecimento da parceria entre as duas instituições. A visita teve como foco o acompanhamento do projeto "Segunda Chance", iniciativa dedicada à reintegração social e produtiva de egressos do sistema prisional por meio da capacitação profissional, suporte psicossocial e inserção no mercado de trabalho.

Criado em 2008 e apoiado pelo Ação Pela Paz desde agosto de 2024, o projeto é coordenado por egressos do sistema prisional que transformaram suas próprias histórias. Eles atuam ao lado de uma equipe multidisciplinar, oferecendo orientação, escuta ativa e encaminhamento para oportunidades formais de emprego, além de apoio às famílias dos participantes.

Durante os dois dias de imersão, Kaio Nunes, analista de projetos do Instituto Ação Pela Paz, participou de rodas de conversa com egressos, conheceu as instalações da Agência Segunda Chance, localizada no bairro da Lapa, e acompanhou diferentes ações do projeto, incluindo a visita ao restaurante All Sabor, onde três egressos trabalham atualmente. A experiência evidenciou os impactos reais e positivos da iniciativa: no primeiro ciclo do apoio, 52 egressos foram atendidos — superando em 130% a meta prevista — e 29 deles geraram renda, sendo 88% mantidos nas empresas até o fim do ciclo, o que demonstra a efetividade das colocações e a capacidade do projeto de garantir a sustentabilidade das oportunidades geradas.

Logo do Ação Pela Paz junto a de outros parceiros do AfroReggae - Foto: Kaio Nunes | Ação Pela Paz
Logo do Ação Pela Paz junto a de outros parceiros do AfroReggae - Foto: Kaio Nunes | Ação Pela Paz

Segundo Kaio, o que foi visto na Segunda Chance não foi só um projeto, foi uma oportunidade de mudar a vida daqueles que tiveram uma parte de suas vidas no sistema prisional e estão construindo uma nova história com coragem, com trabalho e com dignidade. "É impossível sair de lá do mesmo jeito que entrou. Cada conversa, cada olhar, cada trajetória me lembrou a nossa missão no Ação Pela Paz", conta.

A visita também contemplou uma ação prática realizada em parceria com a Ambev, voltada à seleção de egressos como vendedores em eventos, além de um tour por outras frentes culturais do AfroReggae, como o Estúdio Crespo Music, o projeto AfroGames (formação em eSports e criação de games) e apresentações artísticas em Vigário Geral, com destaque para o grupo de percussão e o ballet.

Além dos impactos sociais, o relatório de monitoramento apontou desafios significativos enfrentados pelos egressos: o estigma no mercado de trabalho e o preconceito territorial contra moradores de favelas. Dados do primeiro ciclo mostram que 61% dos participantes têm escolaridade até o ensino médio incompleto, e muitos enfrentam dificuldades de adaptação ao mercado formal por costumes, linguagem ou histórico de exclusão.

Roda de conversa com egressos do sistema prisional que são atendidos doque são atendidos ou atuam como voluntários - Foto: Miguel Gonçalves | AfroReggae
Roda de conversa com egressos do sistema prisional que são atendidos doque são atendidos ou atuam como voluntários - Foto: Miguel Gonçalves | AfroReggae

Diante disso, o apoio psicossocial, inicialmente subvalorizado, revelou-se essencial para garantir não apenas o acesso às vagas, mas a permanência e o desenvolvimento dos egressos nas empresas. A partir dos monitoramentos, o AfroReggae reestruturou atividades do programa, fortalecendo os eixos de capacitação e suporte emocional.

João Paulo Garcia, diretor de Operações do Grupo Cultural AfroReggae, destacou que “a Agência Segunda Chance atua diretamente na reconstrução de trajetórias, oferecendo novas oportunidades para quem busca reescrever sua história”. Para ele, a continuidade da parceria com o Instituto Ação Pela Paz é fundamental para ampliar a capacidade de transformação social da organização.

O encontro reforçou o compromisso conjunto com a redução da reincidência, a promoção da justiça social e a construção de uma sociedade mais inclusiva. A história da Segunda Chance prova que, com apoio e oportunidades reais, é possível substituir muros por pontes — e devolver dignidade a quem busca um novo começo.

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