No dia 24 de outubro, a UniMAX (Centro Universitário Max Planck do grupo UniEduK), em Indaiatuba, interior de São Paulo, realizou a palestra “Psicologia atrás das grades”, como parte das atividades da Semana da Psicologia do campus.

Com um público de 130 estudantes, o evento teve como palestrantes o psicólogo e professor Maurício Cardenete, atuante em projetos de psicologia no sistema prisional; Solange Senese, diretora executiva e cofundadora do Instituto Ação Pela Paz; e Israel Valentim, egresso do sistema prisional e ex-participante do projeto “Semeando Sonhos, Colhendo Realidades”, uma iniciativa pioneira do Ação Pela Paz, idealizada por Maurício Cardenete e pelo escritor Luiz Alberto Mendes, falecido em 2020.

Durante sua apresentação, Solange Senese destacou o impacto dos projetos psicossociais na ressocialização de pessoas privadas de liberdade, afirmando que a inserção desse tema nas faculdades, com supervisão e acompanhamento dos alunos, “pode ser transformadora, com benefícios para todos os envolvidos”. Maurício Cardenete reforçou a importância social da psicologia prisional, ressaltando que esse campo “contribui para derrubar preconceitos e construir pontes”.

O relato de Israel Valentim trouxe uma visão prática do impacto dos projetos, evidenciando a importância desse suporte no processo de reintegração social ao criar elementos de autoconhecimento que o ajudaram a aproveitar as oportunidades que surgiram em sua trajetória, além da valorização dos laços familiares.

Além dos estudantes, o evento contou com a presença da diretora da unidade, Luciana Mori; do diretor acadêmico, Hércules Domingues; e da coordenadora do curso de Psicologia, Profª Noemy Murakami. Após as apresentações, a palestra foi seguida por um diálogo aberto, que despertou o interesse dos participantes e gerou discussões posteriores em sala de aula.

Impacto dos Projetos

Em 2023, o Instituto Ação Pela Paz apoiou 198 projetos, dos quais 160 eram de natureza psicossocial. Desde 2015, a organização já aprovou 967 iniciativas em 12 estados, beneficiando mais de 35 mil pessoas privadas de liberdade ou egressas do sistema prisional.

Entre 2015 e 2022, a reincidência foi aferida para 14.899 participantes de projetos em São Paulo, por meio do programa SEMEAR *. Desse grupo, 4.243 continuam presos e 29 faleceram. Entre os 10.627 que deixaram o sistema prisional, 84,49% (8.979 pessoas) não reincidiram em crimes. A análise ainda revelou que 87% dos beneficiários de atividades psicossociais não retornaram ao sistema prisional.

Esses e outros dados estão presentes na edição 2023 do Relatório de Atividades da organização, disponível neste link. A equipe do Ação Pela Paz, com apoio dos demais membros do SEMEAR, continua a colher aprendizados que ajudarão a nortear futuras ações. O conteúdo também será publicado para consulta e apoio na construção de soluções sobre o tema junto à sociedade.

Programa SEMEAR *

SEMEAR (Sistema Estadual de Métodos para Execução Penal e Adaptação Social do Recuperando) foi criado em 2014 por meio do provimento da Corregedoria Geral da Justiça do Tribunal de Justiça de São Paulo e tem como parceiros a Secretaria Estadual de Administração Penitenciária e o Instituto Ação pela Paz. O programa busca maior efetividade na recuperação dos presos, egressos e suas famílias.

Saiba mais sobre o SEMEAR aqui.