Bem-estar emocional

Projeto de apoio psicossocial promove acolhimento para reeducandas de Votorantim

Iniciativa virtual com participação do Instituto Ação pela Paz e psicólogos voluntários beneficia 18 participantes
Foto: SAP
Foto: SAP

Por Marcos Ferreira | Redação

De setembro a dezembro de 2024, o projeto "Diálogos de Acolhimento e Ressocialização para a Vida e o Trabalho" trouxe um novo olhar para a ressocialização de reeducandas do Pavilhão Habitacional IV da Penitenciária Feminina de Votorantim, no interior paulista. A iniciativa, realizada por meio das interlocuções do Programa SEMEAR *, resulta de uma parceria entre a unidade prisional, o Instituto Ação pela Paz e psicólogos voluntários de universidades locais.

Com uma carga horária de 16 horas/aulas semanais, o projeto atendeu duas turmas compostas inicialmente por 32 reeducandas. Entretanto, devido a progressões de regime e alvarás de soltura, 18 participantes concluíram o cronograma de atividades. O encerramento contou com um encontro presencial, no qual foi realizada a entrega de certificados durante um café, oferecido com o apoio do instituto.

O projeto incluiu ferramentas práticas adaptáveis ao ambiente prisional, promovendo impactos positivos no bem-estar emocional das participantes. Com ênfase em autorreflexão, autocuidado e fortalecimento de relações interpessoais, a ação buscou facilitar uma reintegração social mais eficaz. "A transformação das emoções e a reflexão sobre sentimentos são passos essenciais para a ressocialização", destacou a Dra. Joseane Teixeira, diretora técnica da unidade.

Foto: SAP
Foto: SAP

"A presença da psicologia é fundamental, pois ajuda a processar traumas, incentivar o desenvolvimento pessoal e fortalecer a capacidade de enfrentar as memórias do passado e os desafios do futuro. Esta abordagem não só beneficia os indivíduos assistidos, mas também contribui para uma sociedade mais justa e segura, destacando a importância de enxergar além das grades e reconhecer o potencial humano em todos nós”, afirma Maurício Cardenete, psicólogo e supervisor dos voluntários do projeto "Diálogos de Acolhimento”.

Entre 2015 e 2022, o Programa SEMEAR realizou um levantamento com 14.899 participantes de projetos em São Paulo, aferindo a reincidência criminal. O estudo revelou que 84,49% dos participantes não retornaram às prisões devido à prática de novos crimes.

Dados da aferição da reincidência criminal - Arte: Marcos Ferreira | Ação Pela Paz
Dados da aferição da reincidência criminal - Arte: Marcos Ferreira | Ação Pela Paz

O levantamento também apontou que 87% dos beneficiários de atividades psicossociais não reincidiram, e 96% dos participantes de projetos de escuta ativa (ação ligada à área da psicologia) não registraram reingresso no sistema prisional.

Para Solange Senese, diretora executiva e cofundadora do Instituto Ação Pela Paz, "aferir a reincidência criminal vai além da obtenção de um índice. É um processo em contínuo refinamento que, aliado a dados consistentes, metodologia adequada e análise apurada, oferece subsídios para direcionar políticas assertivas relacionadas ao tema".

Dados da aferição da reincidência criminal - Arte: Marcos Ferreira | Ação Pela Paz
Dados da aferição da reincidência criminal - Arte: Marcos Ferreira | Ação Pela Paz

* Programa SEMEAR

SEMEAR (Sistema Estadual de Métodos para Execução Penal e Adaptação Social do Recuperando) foi criado em 2014 por meio do provimento da Corregedoria Geral da Justiça do Tribunal de Justiça de São Paulo e tem como parceiros a Secretaria Estadual da Administração Penitenciária e o Instituto Ação pela Paz. O programa busca maior efetividade na recuperação dos presos, egressos e suas famílias.

avatar

ASSINE NOSSO INFORMATIVO

Leia Também

PODCAST