Por Kaio Nunes e Marcos Ferreira | Redação

Na quarta-feira, 04 de julho, foi iniciada uma nova a turma do projeto "Paz no Coração, Liberdade na Prisão". A edição atende 15 reeducandas do regime semiaberto que trabalham na confecção da Movimento Eu Visto o Bem.

Todas as alunas, da Penitenciária Feminina da Capital e do Centro de Progressão Penitenciária Feminino de São Miguel Paulista – CPP, desenvolvem as atividades profissionais e participam do projeto direto da sede da empresa, zona oeste de São Paulo.

O ‘MOVI o Bem’ é um negócio B2B (Business-to-business / entre empresas) de impacto socioambiental que nasceu com o intuito de ressignificar a indústria têxtil e toda a cadeia de produtos que ela movimenta. Seus idealizadores propõem um modelo de negócio que cresça economicamente na mesma proporção que impacta positivamente a sociedade e o planeta. Além disso, o propósito da empresa é gerar emprego, renda, capacitação e acesso às condições dignas de trabalho para mulheres em cumprimento de pena.

A empregabilidade, a capacitação profissional e o apoio psicossocial são pontos importantes para diminuição da reincidência criminal, como mostram os dados da última aferição realizada pelo SEMEAR *. O Levantamento mostrou que 84% de beneficiários de projetos apoiados pelo Ação Pela Paz não voltaram aos presídios (veja a pesquisa completa em nosso Relatório de Atividades 2022 aqui).

O “Paz no Coração”, aliada ao trabalho do Movimento eu Visto O Bem, tem o objetivo não só de gerar renda às reeducandas, mas dar suporte para que as participantes tenham consciência de si, dos seus atos e, além disso, dos seus direitos e, principalmente, de suas responsabilidades consigo e com a sociedade.

"Nosso maior comprometimento deste o início foi desenhar um programa de formação pessoal e profissional que prepare essa mulher integralmente, para aprender com o passado, viver a plenitude do presente e buscar um caminho digno nos campos mais significantes para sí e para o seu entorno, junto à família e sociedade", diz Mariana Suniata Andrade Miranda, coordenadora psicossocial do programa Movi o Bem.

Acumulando com esta edição 77 turmas, o projeto “Paz no Coração” nasceu com o propósito de oferecer aos reeducandos a oportunidade de se autoanalisar e adquirir conhecimentos na prática de meditações. O resultado é propiciar aos assistidos controle sobre atos cometidos anteriormente e refletir a si mesmo se preparando para o retorno a sociedade. A aliança com a confecção social se complementa, ao unir seus preceitos às bases de que todo trabalho criativo tem por si o incentivo a um cuidado maior com a saúde física e mental.

Além do projeto "Paz no coração, Liberdade na Prisão", as reeducandas recebem outros tipos de apoio com parceiros do ‘MOVI o Bem’. O Instituto Justiça de Saia auxilia com assistência jurídica, a Confideri Assessoria e Consultoria Contábil e Financeira promove ações de educação financeira e o Instituto Renner dá suporte na empregabilidade e geração de renda após progressão de pena, além de capacitação de corte e costura fornecida pelo Senac.

Programa SEMEAR

Semear (Sistema Estadual de Métodos para Execução Penal e Adaptação Social do Recuperando) foi criado em 2014 por meio do provimento da Corregedoria Geral da Justiça do Tribunal de Justiça de São Paulo e tem como parceiros a Secretaria Estadual de Administração Penitenciária e o Instituto Ação pela Paz. O programa busca maior efetividade na recuperação dos presos e suas famílias.