Meu nome é Josane Fátima de Carvalho Guariente. Nasci na cidade de Arapongas, no Paraná, mas resido em Mato Grosso há mais de 30 anos. Cursei Direito na UEL – Universidade Estadual de Londrina e ingressei no Ministério Público do Estado de Mato Grosso no ano de 1994, trabalhando nas comarcas de São José do Rio Claro, Tangará da Serra, Várzea Grande e, atualmente, Cuiabá.

Meu olhar às pessoas privadas de liberdade sempre foi constante, tendo me acompanhado desde a universidade.

Na carreira ministerial, atuei a maior parte do tempo na área criminal, sempre almejando dedicar-me exclusivamente à execução penal. A oportunidade surgiu no ano de 2015, e com a abertura de uma vaga pude ocupar uma das promotorias do NEP (Núcleo de Execução Penal da capital).

Sempre acreditei que não estamos no mundo ao acaso, e que devemos encontrar e nos colocar a serviço do que mais nos toca o coração, analisando as oportunidades de como melhor atuar, contribuindo para um universo mais harmônico e pacífico.

Em 2019, tive a oportunidade de participar da revisão do planejamento estratégico do MPMT, quando levei a proposta de, na área da execução penal, atuarmos com foco na ressocialização. A ideia foi apoiada e aprovada de modo democrático, uma vez que todos os membros da instituição tiveram direito a voto, e, passamos, então, a planejar de que modo poderíamos contribuir com essa temática, diante de um amontoado de problemas e dramas vivenciados no dia a dia das prisões.

Quando se pensa em ressocialização ou reinserção social, sempre nos vem à mente, a necessidade do estudo e do trabalho, como fatores dos mais importantes. Entretanto, no recôndito de minha alma, me colocava a pensar que, além de estudo e trabalho, deveríamos oferecer algo que trouxesse a possibilidade de autoconhecimento e reflexões, permitindo com que nossos irmãos e irmãs privados de liberdade pudessem repensar o sentido da vida, e, sob um novo olhar, ter a percepção da capacidade da mudança e da possibilidade de uma nova vida, com noções de cidadania, percebendo-se como portadores de direitos e deveres.

Em meio a todas essas reflexões, conheci o Instituto Ação pela Paz. Assim, realizando inúmeras reuniões virtuais, e por intermédio de parcerias interinstitucionais, com TJMT, GMF, Defensoria Pública/MT, Secretaria de Estado de Segurança Pública, Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação, OAB/MT, Nova Acrópole/Cuiabá, Fundação Nova Chance, Conselho da Comunidade de Cuiabá e Instituto Ação pela Paz, fomos delineando o projeto, que se chama “Reconstruindo Sonhos”.

O projeto “Reconstruindo Sonhos” foi desenvolvido a partir da experiência do “Semeando Sonhos”, previamente desenvolvido e aplicado com êxito em várias edições pelo Instituto, sendo, portanto, uma iniciativa vinculada, e se propõe a oferecer ao pré-egresso, além do repensar o ‘sentido da vida’, a qualificação profissional, numa parceria com a Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação (SECITECI), priorizando estudo e trabalho.

O lançamento do projeto Reconstruindo Sonhos ocorreu em 23 de setembro de 2021, e extrapolando os limites da capital, o projeto já vem acontecendo em unidades penais do interior, e já podemos ver o êxito das turmas que passaram pela primeira fase do projeto, em seus relatos emocionados sobre os diversos temas vivenciados, como família, valores humanos, trabalho, vida em sociedade e comunicação, traumas, relações interpessoais, humanização e espiritualidade, visão de ser humano, perspectivas de futuro e planejamento de vida.

Cada nova turma é preparada com amor e entusiasmo, com confiança na capacidade de recuperação de todos os participantes pré-egressos, almejando a reinserção social, na reconstrução de tantos sonhos!

Gratidão a todos os ilustres parceiros!
Gratidão ao Instituto por sua relevante contribuição!

“Somos todos anjos de uma só asa, é só podemos voar quando nós abraçamos uns aos outros.”
Luciano De Crescenzo