Ação pela Paz - Uma vida para enxergar o outro

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Uma vida para enxergar o outro

Por Félix Cantalício
Foto: divulgao
Foto: divulgação

Félix Cantalício Sampaio de Sá, brasileiro, cearense de Barbalha, casado há 50 anos, empresário, incorporador e construtor, engenheiro desde 1970. Meus pais tiveram 10 filhos e conviveram 69 anos, embora muito diferentes. Toda a família Cristã Católica, filhos casaram todos e ninguém separou até a morte.

Meu pai era associado ao Lions Internacional. Nessa condição praticou responsabilidade social com desenvolvimento da cidade onde residiu mais de 60 anos. Eu aprendi esta característica talvez mais que os outros.

Resido em Recife há 57 anos, mas não perdi o vínculo com a minha cidade.

Aqui, tive relacionamento com a Pastoral Carcerária e depois com o Conselho da Comunidade, órgão auxiliar voluntário da Vara de Execução Penais, com a função de visitas regulares aos presídios e relato ao Juiz.

Nesse período ganhei uma tuberculose, empreguei um egresso lento e viciado em pedir, colocamos outro para auxiliar o juiz no atendimento da Vara. Este voltou para a prisão, após reclamação trabalhista contra minha empresa que foi arquivada sem prejuízo, exceto cinco audiências.

Ajudei a construir um berçário num presídio feminino e alojamento para os agentes penitenciários, durante um ano, com mão de obra do semiaberto. Parte do custo foi próprio, parte agenciado junto a Associação das Empresas do Mercado Imobiliário, da qual sou diretor de Relações Trabalhistas há 20 anos, e parte com doações agenciadas pela diretora do presídio.

Há dois anos, o coordenador da Pastoral Carcerária da Arquidiocese apresentou-me o egresso Cícero Alves de Lima Júnior, proveniente de Maceió, Alagoas, que após cumprimento de pena em presídio modelo, o Núcleo de Ressocialização da Capital – inclusive com graduação (EAD) em Administração – mudou-se para Recife em busca de emprego e novos ares.

Conversamos 30 minutos e prometi lembrar dele para alguma oportunidade de emprego. Creio que menos de uma semana depois liguei e convidei-o a voltar.

Decidimos fazer uma experiência ainda não delineada. Definimos uma bolsa mais transporte e refeição.

Foto: reproduo
Foto: reprodução

Inicialmente visitamos com uma arquiteta o núcleo de Ressocialização da Capital, já referido, pensando em replicá-lo em Recife. Depois, organizamos uma viagem da qual participaram cerca de 20 pessoas, inclusive dois bispos católico e um padre. Todos ficamos muito bem impressionados com o que vimos. O Instituto Federal de Pernambuco (IFPE) cedeu três veículos para essa viagem com a participação dos diretores dos núcleos de Recife, Caruaru e Igarassu.

Durante o primeiro ano, fizemos contatos diversos, dos quais participei presencialmente de dois apenas: Arquidiocese de Olinda e Recife e Secretaria de Justiça. Outros, redigimos cartas conjuntamente apresentando Cícero. Conseguimos contatar várias instituições, sempre, com boa receptividade. Impressionante a acolhida de todos.

Ao longo do ano, dada evolução das ideias do contato com o Patronato, embora prejudicados pela pandemia, sentimos a necessidade de institucionalizar nossas ações. Conversamos com a APAC no sentido de implantar aqui a experiência deles, mas não prosperou.

Então, surgiu o Instituto Recomeçar. Avaliamos e concluímos adequar-se ao melhor objetivo / solução para a recuperação efetiva do egresso: trabalho digno. Há um ano, Cícero desenvolve com maestria, determinação e AMOR um trabalho admirável.

De minha parte, agradeço a Deus a inspiração para tê-lo acolhido, especialmente considerando as condições econômicas e financeiras do período. Muito duras, com tribulações, exceto de saúde. Em setembro de 2020 o Instituto Recomeçar assumiu o custeio de Cícero, mas continuamos com bolsa menor para gasolina e refeição. Durante três meses, ele conseguiu que um amigo generoso pagasse uma psicóloga e outros amigos têm ajudado eventualmente em algumas demandas, muito justas, quase imprescindíveis.

Há muito mais relatos, mas fiquemos por aqui. Novamente ressaltamos o amor com o qual Cícero desempenha sua coordenação e convencimento dos parceiros.

Por último, indispensável apoio familiar e educação.

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